A história que agora eu vou contar
remete a minha infância quando, ainda pequeno, eu ia visitar os meus avôs
maternos. Lembro-me como se fosse hoje da primeira vez que vi o meu avô
ajoelhado no chão da sala com as mãos juntas, rezando uma senhora que eu não
conhecia. A cena não teria nada demais se não fossem os fortes bocejos que ele
dava durante a oração, tal como fazemos quando estamos com muito sono. Esse
gesto chamava a minha atenção e a dos meus primos e nos fazia sorrir; no
entanto, de pronto, a nossa atitude era repreendida pelos nossos pais. Com o
passar do tempo fui compreendendo do que se tratava: meu avô era uma espécie de
rezador “tirador de olhado”. Ele era conhecido na cidade como “Seu Pedro
Rezador”.
Vovô Pedro era dono de um grande carisma.
Estava sempre disposto a ajudar ao próximo e tinha a felicidade estampada em
seu rosto, com um sorriso largo e fácil em sua face; via graça em tudo! Muito católico
e religioso, criou todos os seus 09 filhos dentro da doutrina cristã. Teve um
início de vida difícil, marcado pela infância pobre. Ficou órfão de pai e mãe ainda
menino, mesmo assim sempre se manteve alegre e feliz. Trabalhou como comerciante
proprietário de uma mercearia e uma fábrica de bolo antes de se aposentar.
Quando cresci questionei o meu
avô acerca de como ele tinha apreendido a oração que fazia, foi quando ele me
contou a sua história. Ainda jovem, ele morava na cidade de Santa Rita-PB e frequentava
a casa de uma senhora que o rezava de mau-olhado usando galhos de arruda. Assim
que decidiu se mudar para a capital, João Pessoa, ele se dirigiu à casa desta benzedeira
para contar-lhe dos seus planos de mudança, e avisar que por conta disso, demoraria
a voltar, mas que retornaria sempre que possível. Diante disso, ela pediu para que
o meu avô esperasse alguns minutos que ela faria uma oração em particular e que
depois teria algo especial para comunicar. Ao acabar a sua reza ela revelou ao
meu avô que tinha perguntado em sua oração se ele tinha o dom da cura, pois ela
via nele uma pessoa pura e de alma bondosa, típico de quem possuía esse dom.
Como a resposta deu positiva, ela disse que ele não precisaria mais voltar lá,
que ela ensinaria a sua oração e a partir daquele dia ele mesmo podia se rezar
e aos outros também. Assim, meu avô iniciou um trabalho muito bonito de cura e
benção que durou até o final de sua vida.
A sua oração começava assim:
primeiro ele pedia o primeiro nome da pessoa por quem faria a oração, em
seguida iniciava “Deus de Abrão, Deus de Izac, Deus de Jacó, Meu Senhor Jesus
Cristo, Meu Divino Espírito Santo, Abençoa meu pai eterno a “Fernando” (Dizia o
nome da pessoa). Livrai “Fernando” do Mau-olhado, inveja, ambição, má vontade,
olhos grandes, comida que ofendeu. Inflamação na cabeça, no baço, nos
intestinos, diabete, estresse, estafa, prisão de ventre... (Dizia o nome de
várias enfermidades). Finalizando com a seguinte frase: deixando “Fernando”
livre são e salvo em nome das três pessoas realmente distintas que são Pai,
Filho, Espírito Santo. Amém!
Se a pessoa na qual ele estivesse
rezando tivesse com alguma das enfermidades citadas na oração, no momento em que
ele citasse o nome da doença, ele sentia um soluço como forma de aviso. Era
como se fosse um diagnóstico. Então ele terminava de abençoar a pessoa e pedia
que ela fosse se consultar com um médico para se tratar daquela doença que acusou
em sua oração, o que era confirmado posteriormente pelos médicos. Mas se a
enfermidade da pessoa fosse mau-olhado ele mesmo resolvia. Ele dizia que
durante a oração o mau-olhado que estava na pessoa doente passava para ele,
então começava uma reza especial para curar o olhado em si mesmo. Conseguia até
dizer se o olhado foi de homem ou de mulher, se pela frente ou pelas costas.
Para que o olhado saísse por
completo tinha que conseguir rezar uma “Ave Maria” e um “Pai Nosso” inteiro sem
bocejar. Dependendo do tamanho do olhado que a pessoa trazia consigo, ele
bocejava sem parar. Às vezes o seu bocejo era tão alto e grande que ele se
curvava para trás e permanecia alguns segundos com a respiração parada até
voltar ao normal. Eu já o vi ficar em torno de 10 minutos bocejando direto sem parar
ao rezar uma pessoa que estava com muito olhado. Se a pessoa tivesse muito
carregada, ele pedia aos que estivessem ao seu redor que o ajudassem rezando também
para auxiliá-lo.
A pessoa que estava com mau olhado
e fosse rezado pelo meu avô sentia a melhora na hora, era impressionante. Os
sintomas de alguém com olhado é o corpo mole, às vezes seguido de febre, enjoo,
indisposição e dor de cabeça. Esses sintomas cessavam de imediato, como que em um
passe de mágica! Ele dizia que as pessoas colocavam olhado nos outros muitas vezes
sem querer, através de pensamentos de inveja ou de admiração, e se a pessoa
estivesse fraca espiritualmente, aquela energia emanada naquele momento ficava
na pessoa. Ele já me curou de olhado
várias vezes ao longo da minha vida. Eu presenciei casos reais de cura em
membros da minha família e de desconhecidos. Algumas pessoas podem não
acreditar, eu respeito, mas eu vivi e presenciei esses milagres da fé durante
toda a minha vida até o seu falecimento aos 90 anos de idade.
Eu já cheguei a me questionar se
essa cura se dava através do poder da sugestão. No entanto, como explicar meu
avô receber um pedido de oração para rezar por uma pessoa que nem sabia que
estava sendo rezada e na mesma hora a pessoa melhorava e só ficar sabendo
depois que foi realizada uma oração de cura? Isso acontecia corriqueiramente.
Dentre inúmeros casos que poderia contar, lembro-me de um particularmente. Havia
uma jovem que fazia uma semana que estava deitada na cama doente e sem querer
comer; a mãe dela ligou para o meu avô desesperada e ele fez a oração por
telefone sem a jovem saber. Assim que a oração acabou, com a sua mãe ainda ao
telefone conversando com meu avô, a jovem saltou da cama e foi até a sala dizer
para a mãe que estava com fome e que queria comer, tendo se restabelecido
totalmente. A mãe ficou impressionada! A minha tia me contou como o
seu marido que até então era cético passou a acreditar na oração dele. Certa
vez a sua filha adoeceu e precisou ser levada ao hospital com urgência, no
caminho ela ligou para vovô rezá-la, como ele não estava em casa deixou um
recado. Ao retornar do hospital seu marido atendeu a ligação do meu
avô apreensivo dizendo que tinha recebido o recado e que na oração tinha dado que ela estava
com um problema no sangue, sendo o mesmo diagnóstico que o médico tinha acabado
de dar. A partir desse momento toda vez que ele se sentia mal ligava para o
sogro.
Meu avô chegava a rezar em torno
de 40 pessoas por dia, seja pessoalmente em sua casa ou por telefone. Recebia
ligações de todo o Brasil e até mesmo do exterior em busca de orações. O que eu
acho engraçado é que essa questão de tratar do mau-olhado é muito comum no meio
Espírita e no Candomblé. Mais ele nunca associou a esse tipo de religiosidade. Sempre
teve o respeito e o apoio dos padres da igreja e da comunidade católica que
frequentava. Então eu te digo, acredito piamente na existência desse tipo de
energia por experiência própria.
Se você ficou curioso sobre o meu
avô, coloquei a seguir um vídeo dele rezando a avó de uma amiga minha que tinha
102 anos, dá para ver o início da reza, pois a bateria do telefone que filmava acabou
e não consegui registrar até o final.
Texto: Luciano Medeiros
Autor do Site Mentalização: www.mentalizacao.com.br
Texto: Luciano Medeiros
Autor do Site Mentalização: www.mentalizacao.com.br
lindo video,é uma pena que não deu para filmar até o fim,é bem diferente o modo de benzer. Que Deus abençôe esse Sr tão simpatico e amoroso.
ResponderExcluirSe as pessoas acreditasem um pouco nos mandamentos de Deus acreditariam na bondade de pessoas como esse senhor que Deus o Tenha no reino do céu
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