sexta-feira, 18 de julho de 2025

NEM TODO PENSAMENTO É VERDADE

 


Byron Katie nos convida a fazer algo radical: duvidar dos próprios pensamentos. Ela afirma que o sofrimento não vem do que acontece, mas da história que contamos sobre o que acontece. Não são os fatos que nos ferem são as crenças que projetamos sobre eles. Quando você começa a investigar a mente, percebe que boa parte da dor emocional não vem do agora, mas de interpretações automáticas, muitas vezes ilusórias.

A proposta de Katie não é negar a dor, mas observar o que está por trás dela. “Ele me traiu”, “Ela me rejeitou”, “Eu fracassei” frases assim parecem verdades absolutas, mas são pontos de vista carregados de julgamento. Quando aceitamos um pensamento sem questionar, nos tornamos prisioneiros dele. O convite de Byron Katie é simples: olhe para esse pensamento com curiosidade, não com medo. Pergunte-se: isso é verdade? E, mais profundamente: posso absolutamente saber que é verdade?

O método dela, chamado The Work, gira em torno de quatro perguntas e um giro. São elas:

  1. Isso é verdade?

  2. Posso absolutamente saber que isso é verdade?

  3. Como eu reajo quando acredito nesse pensamento?

  4. Quem eu seria sem esse pensamento?
    Depois, vem o giro: inverter o pensamento original para versões opostas — e buscar exemplos de como essas versões também podem ser verdadeiras.

Um exemplo: alguém pensa “meu chefe não me valoriza”. Isso gera raiva, tristeza, medo. Mas ao aplicar o método, essa pessoa descobre que não pode ter certeza disso. Talvez o chefe tenha um estilo frio, ou esteja distraído com problemas pessoais. Ao inverter para “eu não me valorizo no meu trabalho”, ela começa a perceber como tem se sabotado, se escondido ou deixado de expressar suas ideias. A dor se dissolve, não porque o fato mudou, mas porque a percepção se expandiu.

O exercício prático é escrever um pensamento que está te causando sofrimento neste momento. Pode ser sobre alguém, sobre você mesmo ou sobre a vida. Em seguida, aplique as quatro perguntas com calma e honestidade. Não tente ter a resposta “certa” — apenas esteja presente com o que surgir. Depois, faça o giro: inverta o pensamento para seu oposto e encontre exemplos reais de como essa nova versão também pode ser válida.

Esse processo abre espaço para a liberdade interior. Você começa a perceber que não é obrigado a acreditar em tudo o que a mente diz. Pensamentos vêm e vão. São como nuvens no céu. Alguns são suaves, outros pesados. Mas nenhum é você. Você é o céu — o espaço que observa. Ao se desidentificar dos pensamentos, você se conecta com uma paz mais profunda, que não depende de certezas, mas de presença.

Byron Katie ensina que amar o que é não significa concordar com tudo, mas parar de lutar contra a realidade. Quando você para de exigir que a vida seja diferente, começa a ver a beleza do que é. E muitas vezes, é nesse espaço de aceitação que as mudanças reais acontecem. Porque você não está mais reagindo, está respondendo. A ação vem do amor, não do medo.

A mente humana adora dramatizar, defender, culpar e prever o pior. Mas a mente clara — treinada pela observação e pelo questionamento — aprende a escolher paz no lugar de guerra. Essa paz não é passividade. É lucidez. Quando você vê o pensamento como pensamento, e não como verdade absoluta, você se liberta. E com isso, liberta também os outros das suas projeções.

Hoje, olhe para um pensamento que tem te machucado. Escreva-o. Encoste nele com gentileza. Pergunte: isso é verdade? Sinta o que muda dentro de você quando essa pergunta é feita com sinceridade. A liberdade não está em mudar o mundo — está em mudar a forma como você o interpreta. Porque, como ensina Byron Katie, “quando acreditamos nos nossos pensamentos, sofremos. Quando os questionamos, somos livres.”





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