Imagine que você entra em um barco e o coloca em um riacho tranquilo. Em vez de seguir o fluxo suave da água, você decide remar contra a corrente com toda sua força. O corpo se cansa, os braços doem, mas você insiste, acreditando que isso é ser responsável, forte, resiliente. Agora pare por um segundo e pense: será que o caminho do esforço extremo é realmente o único caminho possível?
Muitas vezes, aprendemos desde cedo que lutar é necessário, que precisamos merecer as coisas através do esforço. E com isso, nos tornamos especialistas em remar contra a corrente — seja nos relacionamentos, no trabalho, na vida financeira. Pensamos que descansar é preguiça, que permitir é fraqueza, que seguir o fluxo é perda de controle. Mas e se fosse exatamente o contrário?
Essa corrente que você insiste em enfrentar não é uma força cega. Ela é, na verdade, a própria vida tentando levá-lo na direção dos seus desejos. Cada vez que você sonha, deseja, sofre, conclui o que não quer... você contribui para essa corrente. Ela carrega a essência do que você quer viver. É como se um caminho já estivesse pronto, esperando apenas que você pare de resistir.
Vamos usar um exemplo simples. Imagine uma pessoa que quer viver de arte. Ela sente isso desde a juventude, mas, por medo ou insegurança, escolhe uma profissão mais “segura”. Durante anos, se sente insatisfeita, cansada, lutando para se encaixar num lugar onde nunca se sentiu inteira. Remando contra a própria natureza. Até que um dia, esgotada, ela desiste de lutar e começa a pintar nas horas vagas — só por prazer. E então, para sua surpresa, surgem oportunidades, elogios, convites. A corrente começa a fluir.
Isso não quer dizer que tudo será fácil, sem obstáculos. Mas há uma diferença imensa entre remar desesperadamente e ser conduzido com clareza. Quando você está alinhado com seu fluxo, sente leveza, sente alívio. As coisas não parecem mais uma batalha diária. O que era peso se torna propósito. O que era esforço cego se transforma em ação inspirada.
A vida não exige que você sofra para ser digno dos seus sonhos. Ela só pede que você se alinhe com eles. E esse alinhamento acontece quando você deixa de resistir ao que sente, ao que deseja, ao que é verdadeiro dentro de você. Não é preguiça abandonar o que dói. É sabedoria. É coragem de confiar que há uma inteligência maior te guiando.
O mais bonito é perceber que essa corrente já conhece o seu caminho. Antes mesmo de você nascer, sua essência já havia lançado intenções sobre o que gostaria de viver. E a cada desejo, cada dúvida, cada momento difícil, mais impulso é dado a esse fluxo. Seu papel não é construí-lo, mas permitir que ele te leve. E permitir começa por parar de se culpar, de se pressionar, de se obrigar a seguir um caminho que não é o seu.
Não é errado querer ser eficiente, responsável, forte. Mas essas qualidades florescem com mais poder quando você está fluindo com quem você realmente é. Quando sua força vem da inspiração, não da obrigação. Quando sua eficiência vem da clareza, não da pressão. Quando sua responsabilidade é consigo mesmo antes de qualquer outra coisa.
Então, se a vida está pedindo demais, se você sente que está remando sem sair do lugar, talvez seja hora de soltar os remos. Respire, sinta, permita-se ir com a corrente. Ela sabe exatamente onde estão os seus encontros, os seus milagres, a sua verdadeira direção. Nada que você deseja está contra o fluxo. Tudo que é seu já está lá, esperando por você deixar-se levar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário